Identificação de processos fotográficos utilizando a técnica de FRX

Abstract

O conhecimento da composição elementar de artes gráficas é de grande interesse para investigações de caráter histórico-artístico na medida em que possibilita identificar o processo de produção, a época de sua manufatura e, em alguns casos, sua procedência. Nos últimos anos, no Brasil, essas investigações têm adquirido relevância e estão sendo empregadas em acervos fotográficos pertencentes a museus, galerias de artes e a colecionadores particulares. As primeiras fotos tomadas em solo brasileiro datam de 1840 época da daguerreotipia. Desde então, com seu aperfeiçoamento, a fotografia tomou lugar de relevância cultural e viabilizou a geração de acervos particulares, sendo que muitos necessitam de devida caracterização, afim de situar o “objeto” dentro do contexto de sua própria época, além de agregar informações que auxiliem sua conservação e preservação. Atualmente a peritagem de obra de arte está crescendo no Brasil, em decorrência, estas informações podem agregar também valor econômico às produções gráficas. No presente estudo, o material de estudo compõe duas coleções fotográficas: uma com foco na arquitetura paulistana, e outra retratando personalidades do meio artístico. São acervos particulares cuja data e o processo de produção não são conhecidos. As análises de Fluorescência de Raios X por Dispersão de Energia (FRXDE) foram realizadas Laboratório de Espectroscopia e Espectrometria das Radiações (IPEN/CNEN-SP, Brasil), utilizando espectrômetro portátil de FRX da Amptek® com alvos de prata (Ag) e ouro (Au). Este instrumental é constituído por um detector de Silício Drift XR-100SDD (25 mm2 x 500 μm) com janela de Berílio (12,5 μm), acoplado a um pré-amplificador, um processador de pulso digital e multicanal. A condição de excitação foi estabelecida por 5 μA e 30 kV com tempo de contagem de 120 s. A análise elementar da coleção referente à arquitetura paulistana evidenciou o uso papeis com revestimento barita, muito utilizado por fotógrafos profissionais e amadores entre 1889-1930, evidenciam que essas fotos foram registradas entre o fim do século XIX e início do século XX. No que diz respeito ao acervo dos retratos, foi identificado o processo de cianotipia, evidenciado pela coloração azul das fotos (devido ao emprego sais de ferro como substância fotossensível), muito popular nas últimas décadas do século XIX [1,2]. Os resultados disponibilizados pela técnica de FRXDE permitiram situar a época e os processos fotográficos empregados. Essas informações contribuem para valorização desses acervos além de fornecer subsídios para o correto armazenamento e preservação.