Quantificação de micronutrientes e elementos potencialmente tóxicos em peixes e a percepção dos pescadores sobre os riscos associados ao consumo do pescado da Represa Billings

Abstract

No presente estudo foram quantificados os elementos (As, Cd, Co, Cr, Cs, Fe, Hg, K, Mg, Mn, Na, Pb, Rb, Se, V e Zn) em espécies de peixes mais consumidos pelos pescadores artesanais do distrito do Riacho Grande, São Bernardo do Campo, SP, por meio das técnicas analíticas de Espectrometria de Absorção Atômica (AAS) e Análise por Ativação Neutrônica Instrumental (INAA). Também foi avaliada a percepção dos pescadores desta região (n=38) em relação aos riscos associados ao consumo do pescado da represa Billings, por meio de questionário semiestruturado com perguntas de resposta aberta e múltipla escolha referente à represa, atividade pesqueira, dieta e poluição ambiental. Para a análise dos peixes, foram adquiridos, junto à Colônia de Pescadores Artesanais, exemplares das espécies mais consumidas na região: acará - Geophagus brasiliensis, lambari - Astyanax fasciatus, tilápia - Oreochromis niloticus e traíra - Hoplias malabaricus de cinco pontos de pesca da Represa Billings. Na avaliação da segurança alimentar, os contaminantes As, Cd, Hg e Pb apresentaram teores abaixo de todas as legislações para os peixes analisados. A espécie predadora Hoplias malabaricus apresentou maiores frações mássicas para Hg, possivelmente em razão da capacidade de bioacumulação deste elemento. No que se refere à fração mássica de elementos essenciais, foi desenvolvido um banco de dados, dado o caráter multielementar da técnica nuclear utilizada, que pode ser útil a futuras discussões no âmbito da segurança alimentar de pescado. Em relação à percepção dos pescadores artesanais frente ao risco do consumo do pescado da represa, verificou-se que a maioria destes não associou riscos ao consumo do pescado e considerou o seu consumo seguro para todos os pontos de pesca da Colônia de Pescadores do Riacho Grande.